sábado, 18 de junho de 2011

Asas para dançar

Nem sempre é preciso ter controle completo do corpo para conseguir realizar um sonho. Às vezes, quem a gente menos espera nos surpreendem da forma mais extraordinária.

Por: Débora Barbosa  
  
Acessibilidade é apenas, permitir que qualquer pessoa com deficiência participe de atividades que incluam o uso de produtos, serviços e informação. Mas a inclusão é a extensão do uso destes por todas as parcelas presentes em uma determinada população.


 Quando se tem um sonho, é difícil de largá-lo. Isso acontece com todo mundo. Começamos a alimentá-los ainda pequenos, na infância, mas vamos crescendo e encontrando dificuldades, e é então que temos que deixá-lo em segundo plano, para que se construa a vida e assim ele seja retomado. Foi assim com Dayse Ribeiro Canotilho. Desde pequena seu grande sonho sempre foi dançar, mas os percalços da vida a fizeram ter que trocar o sonho por um emprego e tocar a vida.


      Carioca de nascença e brasiliense de coração, Dayse é uma pessoa com um coração enorme e uma vontade maior ainda. Funcionária pública e mãe de dois filhos, ela viu que seu sonho poderia continuar depois de assistir a um espetáculo de dança em cadeiras de rodas. Ela viu ali a oportunidade de voltar a dançar, passar seu talento e vivacidade para meninas especiais, além de levar benefícios para o corpo das delas.



      Seguindo o seu sonho, Dayse montou um grupo de dança na capital do país com o nome deAsas para dançar”, nada mais apropriado. Com o grupo, além de dar asas ao seu sonho de menina, ela ajuda várias outras a esquecerem que são diferentes e se sentirem mais especiais ainda. Toda quina-feira, elas se encontram no ginásio de esportes do ENAP, no final da W3 sul. Elas vão chegando aos poucos, às vezes com a mãe, às vezes levam mais alguém da família, mas sempre na expectativa de começar mais um ensaio.

Elienay de Alencar, mãe de Helane aluna diz que a filha gosta muito de sair e  quando chega o dia do ensaio e não pode comparecer, fica agitada e brava pelo dia que faltou. A mãe também comenta que a coordenação motora da filha, melhorou bastante após a entrada no grupo. ”Mesmo cansada venho trazer a Helane, pois sei que ela se sente feliz com a vinda ao grupo” acrescenta Elienay.

A sala é pequena, mas cabe todo mundo, o grupo também não é tão grande, mas compartilham o mesmo sentimento. É só a música começar a tocar que todas já entram no ritmo e começam a se movimentar. 
  
      Muitas delas parecem frágeis, mas quando se conhece a historia e as dificuldades que passaram, sabemos o quão forte são essas meninas. Sabrina Araújo, 24 anos, aluna do grupo, começou a ter problemas de locomoção aos 15 anos, mas isso não a impediu de continuar fazendo o que gosta. Para se juntar às colegas ela precisa da ajuda da professora Dayse que vai busca-lá na estação do metro ali perto. Assim que elas chegam e o treino começa é que vemos que nenhuma dificuldade pode impedir que elas dêem asas à dança. “Em primeiro lugar aqui encontro diversão e meu corpo recebe bem isso de forma mental e fisicamente, aqui não é só uma grupo de dança somos todas amigas e considero a Dayse como a minha mãe”, comenta Sabrina.

      Nem sempre um sonho se realiza como imaginamos, mas com certeza sempre vale lutar por ele. Depois dos treinos, Dayse se reúne com as mães e discutem os detalhes da próxima apresentação. Cada uma faz a sua parte, desde encontrar os CDs com as músicas até arrumar os figurinos. Sempre unidas, elas organizam tudo para as filhas e acabam se divertindo também. Organizam idas a shows, teatros, fazem festinhas, tudo para manter as meninas unidas.

      Cada uma com uma história e cada uma com a sua experiência de vida, mães e filhas tornam o grupo unido e em total sintonia. Mesmo com as dificuldades e a distancia, elas se esforçam e estão sempre ali para ensaiar juntas. A superação faz que elas se tornem ainda mais especiais e é isso que podemos ver no rosto de cada uma, com tamanha alegria. Não é uma pedra no caminho, que impedem que elas façam o que gostam, pelo contrário, isso faz que elas se sintam mais fortes e unidas.

Veja aqui a galeria de fotos da apresentação do grupo.

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